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terça-feira, 6 de abril de 2010

O 8 e o 80 musical.

Eu nunca havia me questionado sobre a transição musical do Syd, entre seu período com o Pink Floyd e sua carreira solo. Nunca havia percebido a diferença sonora entre os dois trabalhos (com a banda e o solo), até porque pra mim não havia. O Syd é o Syd em qualquer coisa que ele venha a ter feito. Sempre respeitei seu trabalho e gosto de tudo o que ele fez. Mas não é que as coisas são um pouco diferentes mesmo?
Comprei um documentário meio obscuro (leia-se não conhecido) em que editores de revistas de música inglesa avaliam a trajetória musical do Syd. Acho justo, até. Eu estava preparada para ouvir uma série de informações não pertinentes e outras tantas já conhecidas, sendo elas verdade ou não. Bem, não é que um dos caras de repente me faz ver que o trabalho do Barrett passa por uma mudança em sua sonoridade? Passa sim, mas em nenhum momento ela perde sua identidade. E é aí que consiste a beleza do trabalho do cara, pelo menos pra mim.
E quem o Syd foi? O pai da psicodelia, o criador das composições mais criativas e originais da época, gente, ele viveu em 1967 – o ano da psicodelia!! Um cara tão criativo quanto original. E que foi capaz de fazer um álbum usando uma Telecaster simulando o som de um violão acústico (foi o The Madcap Laughs). Perfeito. Seu Barrett, te dedico.
Vamos fazer a retrospectiva: The Piper At The Gates of Dawn, primeiro álbum do Syd, onde ele pode despejar todo o seu furor criativo, e seguido de A Saurceful of Secrets, onde ele não contribuiu em praticamente nadinha, a não ser a linda e absurdamente triste Jugband Blues, que é o hino de sua saída, que diz claramente: gente, to largando e fui largado pelos meus amigos, seus troxas, o peso na alma virá, e logo. Bem, talvez não com tanto ódio no coraçãozinho, mas sim uma ode ao seu momento total bad trip. O que eu acho mais troxa ainda é colocar esta música no álbum e Vegetable Man, que era um pouco menos óbvia em sua letra não ter sido aceita. O Syd nunca foi óbvio em suas letras, e eu acho isso uma bênção. De obviedades o mundo está cheio, de coisas que fazem sentido o mundo está cheio. Eu quero o prazer do não-entendimento. Da sonoridade que me leva ao êxtase, do Syd Barrett tocando com uma guitarra desafinada e errando a letra. Eu quero a psicodelia da realidade. Seguimos com The Madcap Laughs, eu sentia uma angústia nas primeiras vezes que ouvi, mas aprendi a amar este trabalho e ver que o Syd estava ali, mesmo sem distorções, experimentações. Que o músico em sua essência estava tão lindamente exposto que ele não precisava de nenhuma piração sonora. E então veio o disco Barrett. Um álbum especial, que contém entre outras Gigolo Aunt (adooro), que sabe lá Deus o que ele disse com ela (se alguém sabe me conta please). E fechamos os trabalhos com o Syd voltando pra casa, pra pintar, plantar flor, sabe-se lá o que foi fazer, mas apenas optou pela exclusão e abandono da música e CAGOU SOLENEMENTE para todos os esforços de seus queridos parceiros de Pink Floyd nas homenagens que prestaram em algumas músicas e álbuns.
Então o Syd Barrett passou da psicodelia total ao banquinho e violão. Acho mais que justo. Bons artistas não precisam de muito para mostrarem que são foda. E o Syd nasceu foda e morreu foda.

1 Responses (Leave a Comment):

heloisa prieto disse...

Life that goes with no harm...
Dominoes...
Syd forever!