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terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

As pessoas valem mais mortas do que vivas.

Procurando uma apresentação do Syd no youtube, acabei encontrando uma série de coisinhas, como sempre. Gravações de programas da TV inglesa, falando do tour por Cambridge, passando pelos locais em que o Syd morou, estudou, locais que foram inspiração para esta ou aquela música. E mais alguns artigos do sydbarrett.net, da época e depois de sua morte. Mas é ÓBVIO que ninguém deixou de gostar dele, ou do trabalho dele ou do Pink Floyd, antes de seu falecimento. O que me surpreende é um descaso com sua memória & arte, coisa que foi lembrada pela mídia em geral depois que ele morreu. Porque de repente ele é super lembrado, como aquele que fundou o Pink Floyd e mudou a música britânica de sua época?
Eu estava pensando em outras coisas a respeito do Syd, mas estes artigos me levaram a esta nova idéia e eu resolvi escrever sobre isso. Lembrei daquele “velho deitado”: Depois que morre vira santo. Entendo que ele tenha optado (me restam dúvidas, mas né?) pela reclusão, em esquecer, abstrair o passado, focar sua arte na pintura e jardinagem, viver escondidinho em Cambridge. Consigo entender isso, consigo respeitar. O legado fica, for sure. E a vida segue. E os artistas continuam se inspirando na música que o Syd criou, no Pink Floyd, continuam ouvindo The Madcap Laughs e achando um dos melhores álbuns que já ouviram na vida (e porque não?).
O Roger Keith Barrett teve uma cerimônia de cremação simples, nenhum dos seus companheiros de banda e amigos de banda compareceram. Creio que tenha um dedo da Rosemary (irmã com quem o Syd morava & que cuidava dele) nessa, mas enfim. Até aí tudo bem, pois coitado do cara, sofria de diabetes, e segundo consta teria morrido devido a um câncer. Eu to acreditando nessa do câncer, porque já li cada coisa...tanta doença diferente.
Nunca imaginei ou esperei que ele fosse grandiosamente homenageado, porque eu acredito em homenagens para artistas vivos, para que eles possam prestigiar e sentir orgulho de algo que eles fizeram naturalmente, como algo que eles realmente sentiram vontade. Mas não é que a homenagem veio? Falarei aqui de uma só, obviamente outros artistas em algum momento fizeram homenagens mais “humildes”, sem falar dos fãs. Falarei aqui da Rosemary, da sua primeira entrevista depois de 30 anos de reclusão do irmão e da associação The City Wakes (http://www.thecitywakes.org.uk/). Então a Rosemary esperou o irmão morrer pra falar alguma coisa? Ela “defendeu” ele. Que não era doente mental, apenas recluso, que se dedicava ao jardim, pintura, e que ouvia jazz. Nada de TV e música “moderna”. E o que que eu vou dizer? Nada né. Eu que não esperasse o Syd Barrett abrindo sua casa pra revista Caras, com foto fazendo pose até na cozinha. Mas nossa irmã aqui está a frente de uma associação muito justa, The City Wakes, que presta uma homenagem ao artista Syd Barrett. Várias atividades culturais, mostras, shows, até tour guiado e venda de camisetas. É só entrar no site e tirar suas conclusões.
Não espero estar sendo tão má com a Rosemary, afinal ela teoricamente cuidou do Roger (não existia Syd pra ela, só Roger), é enfermeira, sei lá, se dizia que ele não era doente mental... Mas por que isso agora? Porque não fazer em vida toda esta chacrinha. Eu fico triste, bem triste, em ver programinhas de TV falando do cara como se ele tivesse vivido há 200 anos atrás. Ele morreu logo ali atrás, em 2006, e morreu velinho, claro. Tem uns vídeos no youtube que comprovam isso, umas 3 fotos pela internet. O visual dele estava certamente ligado a opção de sua reclusão.
No fim das contas, parabéns pros dois, se a gente só consegue umas 3 fotos na internet dele velho, conseguiram o que queriam. E quanto a postura da Rosemary, se ela queria que ele fosse recluso, não se envolveria em homenagens do tamanho da The City Wakes. Mas eu parabenizo aqui quem toca a proposta e se eu estivesse em Cambridge agora até faria o tal tour pelos pontos de inspiração do Syd.
Eu queria que ele tivesse sido valorizado enquanto vivo, que não tivesse sido deixado pra trás pelo Pink Floyd. O Syd era o Pink Floyd.
Shine on Syd Barrett.

Passei do 8 ou 80 direto pro muro de lamentações.

Link da reportagem da irmã do Syd (em inglês):
http://www.sydbarrett.net/welcome.htm

Site The City Wakes
http://www.thecitywakes.org.uk

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